segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A pergunta é:



Uni(tali)ban (ou Unibambi- como preferir) merece um post ou já faz tempo que você deixou de levar a sério os crasse média de São Paulo?
Responda já e ganhe um prêmio do blog ao final desta pesquisa.

* este post faz parte da campanha: BLOG DA TATU: COMENTE OU DEIXE-O

domingo, 8 de novembro de 2009

Balanço Geral



Leitores amigos...desculpem a ausência. Ano que vem prometo que dou um gás neste blog. Por ora, venho explicar os motivos do meu sumiço. Bem, finalmente no segundo semestre deste ano me formei mestre pela PUC Rio. Não foi fácil...eu, que não tinha a menor intimidade com os textos e a linguagem acadêmica cortei um dobrado para me familiarizar com todos aqueles autores, teorias, pensamentos, métodos científicos...o fato de ter cursado uma faculdade e não uma Universidade contou muito para este distanciamento, afinal, em faculdade não recebemos estímulos à iniciação científica ou a frequentar congressos, por exemplo. Com certeza eu devia ser a única da turma que jamais havia lido uma tese ou ido a um congresso. Que vergonha, né!? E com certeza uma das poucas que havia se formado em escola pública. Acho que apenas eu e Edu. Não pensem que estou me colocando em posição de vítima. Nada disso! Adoro minha escola e amo mais ainda minha faculdade. Amo mesmo, aprendi muito lá, considero-a um dos melhores lugares para se formar jornalistas no Rio de Janeiro e MORRO de saudades. Mas quero falar, sem vergonha, da minha dificuldade em fazer parte daquele mundo que entrei tão repentinamente e que muitos já ralavam para estar desde os tempos de graduação. E do quanto foi emocionante pra mim, no meu último dia de orientação, receber um sonoro PARABÉNS do meu orientador. Ouvi-lo dizer que gostaria de publicar meu trabalho e tantos outros elogios....neste dia saí da PUC me sentindo estranha, estranhíssima...e quando entrei no carro desabei de chorar. Lembrei de como tive que comer quase 12 livros em um mês...ler e reler, já que aqueles textos ainda eram pouco familiares pra mim. Lembrei que quando fiz o teste para entrar no mestrado passava pelo momento pessoal mais difícil da minha vida (sem concorrência!) e de quantas vezes ouvi que não seria capaz de uma série de coisas.
Este ano foi de muito aprendizando. Aliás, os últimos anos o foram. Não foi fácil perceber que para te colocar pra cima tem um ou dois, mas para te colocar pra baixo, pra dizer que você não pode, que você nunca vai mudar ou melhorar aparecem 100, 200! Por outro lado descobrir isso é bom demais, pois você percebe que sua felicidade não depende de mais ninguém além de você mesmo. Aprendi que você pode ter sido sempre amigo, correto e bacana, mas basta um escorregão para te condenarem eternamente. Aprendi principalmente que quando se tem coisas boas a oferecer, se tem mil "amigos" prontos a sugar sua alegria, seus bons momentos, sua generosidade, entre outras cositas más...mas quando você despenca muitos deles saem correndo. A vida de repente fica dificílima pra todo mundo..... ahhh, mas que gente mais superficial essa que só sabe estar presente na alegria! Não sabem de nada....passam pela vida assim...sem provocar aquelas mudanças radicais nas almas de quem com eles cruzam. Passam pela vida assim...como uma mosquinha, um besourinho, pousando onde mais lhe convém no momento.
Mas...voltando aos motivos do meu sumiço...em breve minha tese estará disponível para quem quise ler lá no banco de dados da biblioteca da PUC. Ainda preciso fazer algumas modificações, inclusive no título: "As notícias sobre crime como um processo de construção da realidade: uma análise da cobertura dos ataques vinculados ao grupo Primeiro Comando da Capital, à cidade de São Paulo, em Maio de 2006." Ah, vai...tem títulos piores! Hehehe...
Aí vocês pensam: "ahhh Tatiana....: mas você já terminou o mestrado...não tem mais desculpas para abandonar o blog".
Bem, amiguinhos....motivo 2 para eu estar afastada, porém imensamente feliz: estou em ritmo intenso de ensaios da peça "O INSPETOR GERAL", que será aprensentada nos dias 16, 17 e 18 de Dezembro no Casarão do Nós do Morro, no Vidigal. Aguardem novas informações.
Eis aí o motivo de eu estar tão longe, já que começamos a montar a peça com menos de 2 meses para a estréia, ou seja, temos ensaios inclusive aos sábados e domingos. Desculpem a todos por eu estar mais uma vez sumida. Desculpas especialmente à Juju, a quem eu deveria estar prestigiando neste exato momento em seu chá de bebê, dela e da Clarisse (ah! e do Gui, é claro...porque a Juju não fez a Clarisse sozinha...rs)
É isso, gente...nestes últimos anos eu sofri bastante, me decepcionei, mas o balanço geral disso tudo recebi este ano. A certeza de que sou a dona do meu destino e de que posso tudo o que quero, não importa (não mesmo) o que os outros achem disso. Aprendi tudo isso pela dor, mas também pelo amor. Este ano não foi de sofrimento, não foi de decepções e nem de charfundar na lama das imperfeições que impedem a minha evolução. Foi o ano que eu descobri que sou ainda mais legal do que eu imaginava ahahah....o ano que aprendi a dizer "NÃO" e que me dei conta de que saber se colocar e não esconder de ninguém o valor que você sabe que tem, a sua inteligência e o seu caráter, não tem nada a ver com arrogância. E que não responder de imediato à uma acusação injusta ou à uma grosseria não tem nada a ver com submissão...apenas selecionamos melhor aquilo com o que devemos gastar nossa energia. Ou seja, não é qualquer maledicência que altera meu batimento cardíaco e até me divirto com provocações ingênuas (disfarçadamente, é claro...rs)
E que venha 2010 com todos os meus projetos pessoais e profissionais (que são muitos e nada humildes...rs), com todas as suas dificuldades, conquistas e aprendizados.
Ahhh, gente...já era. Tô em ritmo de fim de ano, o espírito natalino já tomou conta de mim- seja lá o que isto signifique....devem ser os panetones empilhados nas gôndolas dos supermercados...
No próximo post tem um editorial que fiz por motivos profissionais e estou postando aqui para preencher este espaço abandonado...
Agora vou fazer um teste. minha amiga Renata (a abóbora) diz que meus posts são muito longos e que ela nunca consegue ler até o final. Portanto, para sabermos se nossa querida abóbora acompanhou o post inteirinho é só esperar pra ver se ela se manifesta nos comentários...rsrs
E aí, Rê? Será que você chegou até aqui??? (suspense......)

E até 2016...



Este artigo escrevi por motivos profissionais que não tem nada a ver com o blog e como estou muuuuito sumida, aproveito apra postá-lo aqui.
Beijos a todos e até 2016...

Passada a euforia provocada pela notícia de que o Rio de Janeiro sediará as olimpíadas de 2016, focamos agora nossa atenção nos obstáculos que vamos enfrentar para não fazer feio frente ao resto do mundo nestes dias de competição.
No mesmo mês do anúncio, favelas da zona norte da cidade enfrentaram uma semana de tiroteios diários entre traficantes e policiais com o saldo de mais de 25 mortos desde o dia 17 de outubro. O que foi chamado de guerra urbana em toda a mídia nacional, tornou-se notícia em jornais do mundo todo, provocando desconfiança em nossa capacidade de manter a cidade segura para os jogos. Em contrapartida, o governo federal anunciou uma ajuda de 130 milhões para combater a violência no Rio.
Durante anos investimos em uma política de segurança pública que combina repressão em áreas de conflito, corrupção e pouco investimento social.
Tão perigoso quanto insistir em uma estratégia já repetida e falida é refletir sobre o quanto mais investimos em contenção da violência sem um retorno eficaz, mais alimentamos uma sociedade intolerante, que vê no outro sempre uma ameaça em potencial.
Ora, se gastamos tanto de nossos recursos para combater o tráfico de drogas e ainda assim não o conseguimos, a solução, para os intolerantes, seria então partirmos para a matança. É apoiado neste pensamento, neste sentimento de frustração, que políticas públicas que só oferecem mais do mesmo ganham força, em um circulo vicioso de violência.
O que torna uma cidade segura? Em primeiro lugar, olhar o outro com igualdade já pode ser um caminho. Para isto, é preciso que a secretaria de segurança não trate os moradores de favelas como marginais, que a educação seja um direito de todos, para que possamos ter o mínimo de igualdade de oportunidades e que a renda possa ser distribuída com criação de empregos. Carros e helicópteros blindados só nos trarão o saldo de mais algumas mortes e nada além.
Não precisamos de mais assassinatos registrados como autos de resistência ou de mais prisões de traficantes que em pouco tempo serão substituídos por outros.
O tráfico de drogas é a tampa da panela que esconde problemas latentes na cidade do Rio, dentre os quais a falta de perspectiva dos jovens mais pobres. É neste sentido que os investimentos para as olimpíadas devem se dirigir.
Não precisamos de mais policiais subindo as favelas com armas em punho e colocando suas vidas em risco por um dos menores salários da corporação em todo o país. Não precisamos de mais jovens morrendo, sejam eles traficantes ou não. Tão pouco necessitamos de mais da mesma política que reprime os mais fracos e finge proteger uma minoria que se contenta momentaneamente com o sangue e as prisões que presencia diariamente nos telejornais.
Temos, como sede olímpica, a grande chance de provocar mudanças significativas em nossa cidade. Porém, seria um erro investir apenas na construção de hotéis e estádios esportivos que com o passar dos anos permaneceriam como um enorme elefante branco, sem utilidade e gerando ainda mais gastos em manutenção.
Se quisermos uma cidade de paz e não apenas durante os jogos, precisaremos investir em educação, geração de empregos, acesso ao esporte, fortalecimento cultural e da auto-estima da nossa população, através de uma política de segurança que não massacre, mas que proteja com igualdade.
Este mês assistimos a um crime que chocou todo o país. O roubo seguido de morte de Evandro João da Silva, coordenador do Afroreggae, um de nossos mais importantes projetos sociais. Policiais estão sendo investigados por roubar os pertences de Evandro e por omissão de socorro, o que resultou em uma acusação de latrocínio - o que considero uma injustiça, assim como a demissão do porta voz da PM, pelo governador Sérgio Cabral. - estes são os bodes expiatórios da vez e tudo continua na mesma.
O "caso Evandro" é perfeito para ilustrar o quão irônica podem ser nossas escolhas. Evandro e seu trabalho com o Afroreggae provavelmente fizeram muito mais pelo Rio do que nossa política de segurança jamais foi capaz de fazer em todos estes anos de balas perdidas e prisões em horário nobre.